Aumenta o número de pessoas em situação de rua em Santa Maria

Foto: Eduardo Ramos (Diário)

Vínculos familiares rompidos, conflitos, pandemia e transtornos ligados à saúde mental são alguns dos principais fatores que levam as pessoas a viver em situação de rua. Nos últimos meses, principalmente no auge da Covid-19 – com desaceleração econômica e recessos –, aumentou o número de pessoas nessas condições em todo o país. Em Santa Maria, não é diferente. Em 2020, a Secretaria de Desenvolvimento Social tinha 156 pessoas em situação de rua incluídas no Cadastro Único para programas sociais do governo federal. Hoje, são 203, número 25% maior do que há três anos.

Estar nas ruas não é exatamente uma escolha, mas uma condição muitas vezes imposta – afinal, ninguém gostaria ou quer conviver com violência, calor, frio, falta de saneamento e higiene, alimentação precária, entre tantas outras situações que exigem, de quem busca “abrigo” nas calçadas ou embaixo de marquises, formas para sobreviver.

Quem passa pela Rua Venâncio Aires, em frente ao edifício dos Correios, no Centro, enxerga de perto essa realidade. São várias pessoas em situação de rua ali, com colchões e abrigos. Recentemente, o Diário recebeu ligações e mensagens com questionamentos (e até reclamações) em relação a esse caso, em específico. Segundo a prefeitura, diversas abordagens já foram feitas pelos serviços, e este público é acompanhado há mais de um ano. Neste período, as pessoas foram encaminhadas para fazer documentos e buscar benefícios por doença junto ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), além de que todos foram cadastrados no Cadastro Único e beneficiados com o Auxílio Brasil (atual Bolsa Família).

O Executivo afirma que alguns concordaram em ser acolhidos em casas de passagem, outros foram para suas cidades de origem. Porém, aí fica o desafio porque, ao garantir a emancipação de alguns deles, normalmente, em seguida, outros chegam na mesma situação, pois a população em situação de rua é flutuante, sendo que muitos não são de Santa Maria, mas apenas se encontram de passagem pelo município.

Ressalta-se, no entanto, que o acolhimento é ofertado aos atendidos, mas o procedimento deve ocorrer de forma voluntária, e ninguém pode ser acolhido contra a vontade. Dessa forma, apesar de o município seguir as diretrizes do Sistema Único de Assistência Social (Suas) para o atendimento desta população, depende muito da vontade destas pessoas em deixar essas condições.

Tirar as pessoas da rua é um desafio para os gestores, pois não se trata de melhorar a aparência das cidades, mas, sim, promover a autonomia dos indivíduos, o que lhes pode permitir uma nova realidade.

Em Santa Maria, as duas casas de passagens (confira abaixo os endereços) e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) buscam garantir o direto dessa população, atendendo por demanda espontânea ou então por abordagens. Quando encaminhadas, as pessoas podem fazer a confecção de documentação gratuita, acessar benefícios sociais, além de conseguirem atendimentos de saúde e de trabalho. O fortalecimento de políticas públicas ligadas à assistência social se faz necessário para potencializar a rede assistencial, proporcionando às pessoas melhores condições de serem integradas à sociedade, com saúde, emprego, renda e habitação.

Onde procurar assistência

CREAS

Endereço – Rua Doutor Astrogildo de Azevedo, 23, Bairro Centro

Telefones – (55) 3921-7282 e 3921 7279

WhatsApp – (55) 99129-9183 (apenas para o envio de mensagens com atendimento das 8h às 16h)

Casas de passagem Maria Madalena

Onde – Rua Coronel Ernesto Beck, 225, Bairro Passo D’Areia

Telefones – (55) 3307-9398

Mundo Novo

Onde – Rua Bento Gonçalves, 450, Bairro Nossa Senhora das Dores

Telefone – (55) 3347-4849

Além de refeições diárias, os moradores recebem, no momento em que chegam, um kit higiene, composto por escova de dente, creme dental, sabonete, xampu e toalha. Após o banho, os moradores têm um tempo livre em um espaço comum, onde assistem TV, leem ou simplesmente conversam